20 de agosto de 2014

O Zimp ... e a minha história com a Macrobiótica


Para quem não conhece, o ZIMP é um festival zimpabulástico organizado pelo Instituto Macrobiótico de Portugal (IMP). Realizou-se na primeira semana de Agosto no DiverLanhoso, um lugar cheio de charme, o enquadramento perfeito para muitos momentos mágicos.


Tal como aconteceu em edições anteriores, tive o privilégio de fazer parte do staff, o que torna a experiência ainda mais enriquecedora. Estar no backstage dá-nos uma visão bastante holística do evento. Participamos nas actividades mas, ao mesmo tempo, contribuímos para que os participantes tenham a melhor experiência possível.

E é essa a parte que me enche mesmo o coração. Assistir ao encantamento que vai surgindo a quem aparece ali pela primeira vez é qualquer coisa de especial. [Já vão perceber porquê.]  Muitos nem sabem bem ao que vão, apenas são atraídos por um qualquer tema que lhes faz eco. E a verdade é que uma semana no ZIMP acrescenta-nos tanto que pode mesmo mudar vidas...

O meu encontro com a Macrobiótica passou-se num cenário destes. Há 11 anos atrás, numa fase em que esta coisa do bem-estar começava a suscitar-me algum interesse, decidi que iria passar as férias ao Monte Mariposa. Havia ali algo de um mundo novo que me despertava curiosidade. Liguei para lá mas fui informada que o espaço estaria alugado ao Instituto Macrobiótico para um campo de férias (o embrião do ZIMP).
"Ora bolas, na minha única semana de férias... eu queria tanto ir aí..."
"Talvez possa vir com eles, porque não os contacta?" foi a resposta óbvia da senhora.
"Mas, macrobiótica... eh pá isso é uma coisa meio estranha"
Meio renitente, lá liguei para o IMP e fiz apenas algumas perguntas tontas: "E o que fazem lá?"; "Mas isso não é só gente velha?"
Fui automaticamente convencida pela simples resposta "Há de todas as idades, venha que vai gostar".
E fui!
No alto da minha inocência, deixei-me guiar por um dos maiores presentes que a vida me ofereceu.

Recordo bem a primeira refeição, uma sopa de miso com umas ceninhas a boiar, que alguém me indicou serem cogumelos shitake. "Come que é bom para o fígado" explicava uma das participantes já rodada no assunto. Beberiquei a medo. "Hum, não conheço este sabor... é diferente... mas não é mau..." Mais um pouco. "Até é agradável...". A seguir veio um parto lindo, cheio de cor, texturas e sabores bem diversificados (autoria da agora minha querida amiga Ida Candeias). Conquistou-me de imediato. Eu que era (e sou) um bom garfo fui seduzida pelo lado sensorial.



O que se passou nos dias seguintes foi um turbilhão de sensações, emoções, pensamentos, descobertas, despertares... que abanou completamente as minhas estruturadas convicções e convenções. Tudo me deslumbrava e entusiasmava. A cada palestra com o Francisco Varatojo, aquilo fazia-me tanto sentido que só me questionava "Wow, como é que nunca pensei nisto?. Isto é genial". As aulas de cozinha com a minha querida Geninha Varatojo eram um misto de fascínio de tanta novidade com embevecimento pelo seu ar terno.

Outro momento marcante foi o trabalho a nível de movimento com a Gabriela Eibich, uma alemã maravilhosa que me fez descobrir partes do corpo que jamais imaginei existirem :) Ah, e o Ki das 9 estrelas foi outra excitação. E o chi kung... e o yoga... e o shiatsu... e...

Estas fotos são do ano seguinte. Momentos mágicos

E depois vem outra componente fundamental: AS PESSOAS!!! Para além do staff, que me parecia tudo gente bonita e com um brilho especial, tínhamos um grupo fantástico de quase 70 pessoas, com muita gente nova, e onde fiz amigos que o são até hoje.

No fim dessa semana, a nível físico, sentia que tinha perdido aí uns 50 kgs :) . O facto dos intestinos terem começado a funcionar bem pela primeira vez na minha vida foi mesmo determinante. A nível emocional, era como se tivesse tomado shots de energia positiva e inspiração. Uma sensação absolutamente fabulosa que até então desconhecia. Irradiava alegria e contagiava todos à minha volta com tamanha motivação. Lembro-me de me comentarem "Tu voltaste diferente. Estás apaixonada?"

Regressada a casa, toca experimentar (quase todas) as receitas do livro Macro Apetite, da Geninha, um dos poucos que existiam na época.

Marcado pelo uso, aquele que foi a minha primeira bíblia :)

O que eu não podia adivinhar é que esta simples semana iria mesmo deixar sementes, que nos anos seguintes foram crescendo e dando origem a algo completamente diferente. O meu corpo mudou, a minha mente mudou, o meu caminho mudou, a minha vida mudou, a minha alma encontrou-se.

Percebem agora porque fico tão emocionada quando vejo este processo a acontecer com outras pessoas? Recordo-me, revejo-me e faz-me (re)ligar com aquele período de inspiração tão especial.

Agradeço do fundo do coração por me ter cruzado com estas pessoas especiais naquele verão quente de 2003. Grata ao Francisco, à Geninha e todos os amigos do IMP, que durante estes anos tão bem me acolheram. E já agora, um obrigada especial à Joana Varatojo, por ter levado estes campos de férias para outro nível, sem nunca perder o cariz familiar e aquele encanto mágico.

Se, de alguma forma, se identificam com a minha partilha, venham daí. Para o ano há mais ZIMP mas, a partir de Setembro, o IMP está de braços abertos para vos receber e poderem sentir um cheirinho do que vos relatei.

Boas férias ... e até já!